Quem caminha pelos extremos pode fazer qualquer coisa. O problema é o querer. Mais triste que choro na feira. Bom que carrega a bateria. Poeta tem que dar uma carregada de vez em quase. Ajuda. Aliás em vez de ajudar atrapalha. Mas ninguém falou que ia ser fácil. É que com tanto dentro fica mais fácil de empurrar pra fora. Fazer do muito, pouco, e jogar pra frente adiante. Jogar pra frente, longe. Isolar de bico. As vezes eu acho que sou o último a botar fé no poema. Esse blogue não foi feito pra se escrever nada sério. É desabafo somente. Palavras que não vieram como pedra mas como aviãozinho de papel no vento. Que voem longe. Tenho que parar de fumar e fico postergando. Tenho que começar a concentrar na chama da vela e fico com preguiça. Tinha que ir trabalhar e fico aqui postando. Escrevendo sempre e desde sempre. Há muito. Isso, aquilo que não muda, faça sol ou vento, na alegria ou pelos bares gritando. A poesia está além, a poesia está aqui. Nunca esteve em nenhum outro lugar. Pode vir a porrada ou a buceta que for. A poesia não está no outro. Cada um tem a sua chave, e a minha está aqui. Em algum lugar aqui dentro. Eu sou parte do fluxo e ele não está dentro de mim. Somente. Em qualquer tradição é preciso o silêncio. Na minha é preciso o poema. Que também é silêncio, no seu próprio jeito. Silencioso que nem água pra derrubar montanha. O poeta pode até ser brasa, tição, labaredas pelas ruas, mas todo poema é água. Represada, em poças ou escorrendo pelas calçadas. Poemas são expansão. A paixão primeira, pelo verbo. Não a paixão pelo nome. É ação direta com intento. Mexe e move. Nomes morrem, poemas alargam. Abrem caminhos. Derrubam represas, castelos de areia, essas paredes entre as pessoas. Descalço na lama, uma estrela no peito e outra em cada uma de todas as pessoas, sobre a cabeça o infinito de estrelas, ao meu redor flamejam quatro estrelas de cinco pontas. Meus cantos estão protegidos. Meu canto está ecoando. E não achei verdades maiores do que a página em branco. Bom, vermelho sobre branco então, Kao Kabièsi. Caô kabecilê.
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